sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Aquela tarde de novembro...

Originalmente postado em 15 de dezembro de 2009, segue minha primeira tentativa (talvez, frustrada kkk) de fazer um conto. Mas mesmo assim, decidi postar novamente pra quem não teve a oportunidade de ler da primeira vez e não tem muita paciência pra procurar nos posts mais antigos. Na verdade isso é uma desculpa ESFARRAPADA pra quem tá sem ideia pra escrever, mas tudo bem, eu 'tô' me esforçando...Fé em Deus, tudo dará certo!


Ele não parava de encarar o relógio que marcava infinitamente 19:40 da noite, havia um bom tempo que esperava ouvir as badaladas daquele marcador de horas, mas parece que o mesmo havia parado ou demorava propositalmente, deitado na cama que parecia pegar fogo devido o contato de seu corpo com o colchão ele decidiu mover-se dali para rua, talvez chegasse um pouco antes do horário combinado, mas não agüentaria esperar mais uma hora e vinte minutos.

Caminhava com mãos nos bolsos e assobiando baixo para tentar camuflar sua ansiedade, porém era tudo em vão, afinal ele teria seu primeiro encontro com a garota de seus sonhos, não tinha como não mostrar nervosismo, já vivera outras experiências assim mas agora era diferente, apesar da má fama atribuída à ela era com quem ele realmente gostaria de estar.
O rapaz seguia caminhando e pensando no que dizer ao vê-la:

- Não posso parecer idiota!

Analice, como costumava ser chamada, era uma mulher muito independente e inteligente; E ele? Era só um homem de trinta anos que ainda morava com os pais, não poderia lhe oferecer muita coisa, apenas seu amor.

Minutos depois da caminhada ele chegou no local combinado, naquele bar que o trazia tantas lembranças dela, aquela tarde de novembro de anos atrás quando fugia da escola somente para se interar do que ela fazia quando também não comparecia no colégio, ele sabia que ela sempre ia para aquele lugar, pensou:

- Foi aqui que nos olhamos com olhos diferentes, mais que amizade.

Dentro do estabelecimento ele procurou uma mesa vazia, dirigiu-se até lá sentou-se, chamou o garçom, pediu uma bebida que acalmasse seus batimentos que estavam descontrolados, o garçom sem a menor intimidade se mostrou indiferente e disse:

- Serve uma cerveja gelada? – E ele afirmou com a cabeça.

Surpreendentemente as horas passaram- se voando, o rapaz, ainda sentado, no quarto copo de cerveja, esperava com a mesma ansiedade de sempre, às vezes o amor não nos deixa enxergar a realidade, ele não havia se dado conta mas já passara do horário combinado, às 21 h. Assim a noite seguia, dez, onze e doze horas, já quase adormecido na mesa de bar, sendo o único a restar no local foi acordado pelo dono:

- Já estamos fechando, você tem que ir.- O rapaz, desolado, com olhos ressacados mirou fundo na face do outro homem e disse:

- Você já sofreu por amor? Já foi enganado?

O dono do bar engoliu em seco, não respondeu, apenas saiu dali em silêncio.
Ao voltar para casa completamente ébrio, falava aos quatro cantos, coisas tipicamente de pessoas bêbadas e com dor de cotovelo, xingamentos a quem lhes decepcionou ou até mesmo a quem não tem culpa, certamente lhe fazia bem colocar tudo que sentia para fora, e o melhor era que não havia testemunhas.

Em casa, após um banho frio e uma xícara de café amargo ele ligou a TV e se acomodou no sofá, no ar, o noticiário.

- Hoje, por volta das oito da noite um ônibus público com destino à rua Novo Campo foi assaltado por três indivíduos encapuzados que fizeram cinco dos trinta passageiros reféns, ao tentar reagir a vítima Analice Cavalcante Xavier foi morta com um tiro na cabeça, sem a menor chance de defesa.

Aquela notícia deixara seu coração em minúsculos pedaços, lhe doía saber que havia feito mau julgamento daquela pessoa maravilhosa, mas lhe doía muito mais saber que não teria a chance de pedir perdão por ter pensado aquilo.

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